Eu sou um grande fã dos butecos. Estes sim são lugares sagrados, berço das futilidades, das hospitalidades, dos desvaneios e até da luxúria. Mas falo daqueles bares pequenos, feios mas charmosos, que tem geralmente um atendente tão gente boa que você fica na dúvida se ele é de fato um atendente ou um psicólogo, pois ouvem e participam atentamente das conversas, dos desabafos, das loucuras todas faladas por seus clientes e frequentadores.
Sou fã dos músicos de butequins, que estão ali tocando por amor, e por quinze minutos de fama, mesmo se tiver quase ninguem lá dentro. Pois no fim ele não se importa com a quantidade de pessoas, com números ou com fama em si, e sim se você é capaz de sentir o espírito da música, a sua melodia, a poesia e/ou versos escrachados.
Onde mais vamos encontrar aspirantes de filósofos e estágiarios de políticos , que discutem os problemas do mundo com tanta convicção que parecem ter descoberto a cura dos males da vida. Onde mais o radinho velho do balcão toca só aquelas músicas cheias de sentido e verdadeiras, mesmo estando sintonizadas naquela estação AM que ninguem ouve, e que de tão brega, passa a se tornar legal? Não, não há lugares como esses, pois somente lá podemos compartilhar emoções, do amor ao ódio, da alegria à solidão.
É só la que rimos das piadas mais idiotas, das menos inteligentes, e daquelas que já conhecíamos. Lá é o único lugar onde achamos justo jogar sinuca na mesa empenada e faltando uma bola. É o único lugar onde todos são amigos, e onde todas as mulheres são bonitas, toda cerveja é gelada e todo cigarro nao mata.
Se você nunca foi em um desses, não perca tempo! Aprenda porque os bares da vida são o melhor lugar para socializar, para encontrar uma conversa agradavel ou alimentar rivalidades esportivas. Qual lugar do mundo você vai assistir os reprises dos gols dos jogos do último domingo que você ja viu no mínimo umas três vezes e ainda assim ficar surpreso? Em qual lugar as pessoas gritam, dão gargalhadas fiasquentas, e ainda sim tudo parece tão normal?
Uma das coisas mais legais é descobrir que butecos são a maior concentração de pessoas que sofrem de TOC, pois cada um que vai lá é um aglomerado de manias e de vícios. Uns param no balcão e pedem um café, e pra acompanhar fumam UM cigarro só para dar aquele relax. Outros tem que ler o jornal enquanto esperam aquele xis salada esperto. Outros ficam de pé do lado dos bancos vazios olhando de um lado para o outro a beleza cintilante das belas donzelas que na frente do estabelecimento passam.
Enfim, bar, boteco, butiquim, o nome tanto faz. Todos estes são o templo dos vagabundos, reduto dos morimbundos, o norte dos poetas sem rumo e a casa de todos os corações partidos.
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